Nasce uma Biblioteca Popular na Serrinha

 

Nasce uma Biblioteca Popular na Serrinha

Biblioteca Comunitária Viva a Palavra


Foto: Biblioteca Viva a Palavra, no Espaço Cultural Poeta Edmar Eudes


A Biblioteca Viva a Palavra começou, de modo itinerante, em meados de 2016, acompanhando as contações de história promovidas pelo coletivo Viva a Palavra, na comunidade Guaribal, na Serrinha, bairro da periferia de Fortaleza, Ceará, no nordeste do Brasil. O coletivo Viva a Palavra surge como resultado de vários círculos de cultura e fóruns de escuta realizados na Serrinha, em 2014 , em uma  potente articulação entre movimentos sociais, coletivos culturais da Serrinha e ativistas acadêmicos, artistas e educadores populares, comprometidos com a luta contra o extermínio das juventudes negras, indígenas, filhas das classes populares nas periferias de Fortaleza. A data marcante que oficializa o nascimento desse coletivo político cultural cenopoético, a coletiva Viva a Palavra, como chamam jovens das comunidades da Serrinha, em meio às palavras-sementes e aos temas geradores dos círculos de cultura na Serrinha, é 10 de abril de 2014. Viva a Palavra! Surge um Coletivo Cenopoético em meio aos circuitos de linguagem, paz e resistência das juventudes periféricas de Fortaleza.

 

Foto: Evento "Biblioteca em Festa"

A ideia de um lugar fixo para a biblioteca, que funcionava de modo itinerante, foi germinando pela vontade de moradoras e moradores da Serrinha, um bairro que tem um forte histórico de lutas populares. A ideia foi gerando vida com as oficinas de mediação de leitura realizadas pelo Coletivo Viva a Palavra na Escola Giuliana Galli em 2019. Em 2020, nos encontros online do Coletivo Viva a Palavra, devido à pandemia de covid-19, os jovens da comunidade, participantes do movimento Círculos Populares, hoje Brigadas Populares, e da Viva a Palavra, Edvar Lima e Diego Martins, lançam a ideia de instalar uma biblioteca na Praça da Cruz grande, local onde também eram realizados os saraus. Edvar e Diego, que haviam participado do curso de mediação de leitura da Viva a Palavra, resolvem procurar um local para alugar e espalharam essa ideia para as pessoas que participavam da biblioteca itinerante e para quem tinha participado do curso de mediação de leitura na comunidade Guaribal, com a Viva a Palavra e a Livro Livre Curió. 

 

Foto: Sarau Viva a Palavra

Com essas sementes lançadas e cultivadas em muitas mãos, são as mulheres,  moradoras da Serrinha e participantes dos movimentos populares no bairro, que dão início a biblioteca comunitária em uma casa física que passa a funcionar como um espaço cultural, artístico e educativo da Serrinha.  Maria Germana Sales já participava com suas crianças das contações de histórias promovidas pela Viva a Palavra desde 2016 na comunidade Guaribal, sendo ela quem fotografava as contações. É Germana que, em outubro de 2021, encontra a casa que se torna o espaço-abrigo da biblioteca e, junto com Georgia Helora Moura, comunicadora e poeta, que mora na mesma rua da biblioteca, passam a organizar a biblioteca Comunitária Viva a Palavra, também com a presença da cenopoeta e mediadora de leitura Claudiana Alencar, integrante dos movimentos de lutas da Serrinha desde 2014 e uma das idealizadoras do coletivo cenopoético que já atuava no território. Georgia Helora tinha um sonho de espalhar a leitura e a literatura para todo canto e já conversava com Claudiana Alencar, ambas da Coletiva de poetas periféricas "Elas Poemas", sobre a criação de uma biblioteca popular na Serrinha. Georgia passa então a organizar, em novembro de 2021, um sistema de doações para conseguir pagar o aluguel e manter o espaço físico da biblioteca. Esse espaço, que também homenageia o poeta popular da Serrinha Edmar Eudes, foi alugado em 10 de dezembro de 2021. Jéssica Lourença também da coletiva “Elas poemas: escritas periféricas” se junta a esse sonho e passa a realizar as primeiras mediações de leitura naquele espaço que foi aberto para receber e acolher as leitoras e leitores em 15 de janeiro de 2022. Hoje a biblioteca é formada por muitas mãos, múltiplos seres, muitas vozes e por muita solidariedade de todes que contribuem com a luta pelo direito ao livro, à leitura e à literatura nas periferias.

Foto: Atividade de Contação de estórias, com o grupo Me Conte, da Viva a Palavra
 

A Biblioteca Comunitária Viva a Palavra faz parte do Movimento Biblioteca Nazaria Urgente, constituído por 12 bibliotecas de iniciativa popular da periferia de Fortaleza que lutam por recursos para dar sustentabilidade a esses espaços de transformação social em Fortaleza. Chega junto você também!

https://g.co/kgs/Qh1ocB

R. Benjamin Franklin, 596 - Serrinha, Fortaleza - CE, 60741-090, Brasil


Claudiana Nogueira de Alencar

Fortaleza, outubro de 2023