Com alegremia, nosso cuidado: o amor!

Com alegremia, nosso cuidado: o amor!
Síntese do 3º encontro

  

Sem pressa, e no tempo de manhas e maçãs que se desabrocham com alegremia, o 3º encontro foi se iniciando. Era dia 14 de novembro de 2023, por volta das 19h30. Os relatos de participantes sobre o calor em suas regiões nos colocava em preocupação com o outro/a/e, com o mundo. O aconchego foi se ampliando na voz de Rafael Ribeiro, com uma canção costumeiramente entoada por Almir Sater... e nos fez pulsar amores e amoras: chuvas para florir nossas histórias de encontro com o cuidado na cenopoesia, cada um, cada uma com “dom de ser capaz de ser feliz”.


 
Josy anuncia as mudanças de calendário – que é bom ficar atento, atenta, atente – e chama as pessoas que vão chegando pra adentrar à roda cenopoética, que foi virtual-real e gravada. Canta com Júnio Santos acolhendo Vera Dantas, que mediou o encontro:
 
“A mulher sertaneja tem gosto de água vermelha
Da barragem esguia tem sabor mesquim
A água impura, imprópria tem a caloria
Ao meio dia como fogo na caieira
Tem paladar mas só que da água que falta
Saudade louca, saudade louca
Tem paladar mas só que da água que falta
Saudade louca, saudade louca
Ôooi, Vera, caiu um pingo aí
Vem já pra dentro, menina, que vai chover
Ôooi, Vera, caiu um pingo aí
Vem já pra dentro menina que vai chover”
 
Ao som de sua maraca, e em tom ritualístico, Vera abençoa nosso encontro, solicitando que cada participante retire as sandálias e mire com os olhos de dentro, procurando, ao que remete um ensinamento de Ray Lima, a nossa própria luz. E canta:
 
“Procura no universo a luz
Suficiente para te iluminar
Na revelação da própria luz
Da tua luz em ti
Da tua luz em ti
Procura”
 
A lição multiplicada por Vera nos convida a buscar “[...] energias promotoras de coragem, de alegria, de alegremia. Considerando as sabedorias ancestrais, que possamos nos permitir aprender a cuidar, a autocuidar, a coracionar, como nos ensinam os povos andinos em conexão com a Pachamama. E tecer, tecer teias delicadas, delicadas possibilidades de ser e de agir em cooperação para compor esse nosso repertório humano de cuidado e com ele construir malhas que ampliem a nossa força coletiva. Que possamos nos permitir estar sendo sonhação ancorados na boniteza de encontros como esse, mesmo que por uma tela de computador ou do celular. Que conectados, conectadas, conectades pela solidariedade, pelo amor ao mundo, à vida, busquemos compartilhar o que sabemos, o que produzimos e o que recebemos... e nos percebermos vir a ser, como nos dizia Freire, aprendentes, inacabados e inacabadas, onda pequena que compõe com tantas outras para criar o movimento dessa maré de mudanças tão necessárias no nosso país, no nosso planeta, nos multiversos onde habitamos. E, a partir daí, buscarmos frutificar ternuras, reexistências e dignidades e compor ritualidades, como essa que agora iniciamos, que fortaleçam as nossas identidades. E constituir composições, constelações, polifonias que gerem coesão. Cenopoeticamente, que possamos seguir porque é necessário esperançar e dançar a dança da vida porque [e continua cantando]
 
‘Sois a águia
Somos condor
Somos araras
Somos beija-flor
Podemos voar
E além do horizonte
Podemos mirar
Somos espirais
De amor e de esperança
Somos espirais’”
 
Ao som de sua maraca somos convidadas/es/os a partilhar cenopoeticamente nossas vivências com o cuidado.
 
 
A síntese de nossas vivências cenopoéticas com o cuidado se expressaram nas seguintes palavras: amor, amar, mar,  cuidado, amorosidade, energia, afeto, pausa, acolhimento, força, encantamento, empatia, pronunciar, mudar, encontro, dentre tantas outras, que como pólen, também se perdem no caminho, na arte de frutificar.
 
Em meio a tantas palavras, uma e outra canção reverberam nosso ser, nossas corpas, como as cantadas por Rafael e Verinha, que se vincam como fim de nosso ritual dessa noite cenopoética.
 
“[...] Você verá
Que a emoção começa agora
Agora é brincar de viver
E não esquecer
Ninguém é o centro do universo
Assim é maior o prazer
Você verá que é mesmo assim
Que a história não tem fim
Continua sempre que você
Responde sim à sua imaginação
A arte de sorrir
Cada vez que o mundo diz não
 
E eu desejo amar todos
Que eu cruzar pelo meu caminho
Como sou feliz, eu quero ver feliz
Quem andar comigo, vem”
(Guilherme Arantes e Jon Marcus Lucien)
 
“Partilhamos, polinizamos o mundo que criamos
Em comunhão de companheirismo e de abundancia
Se faz nossa ação
Saborosos frutos
De amor compartilhado dela virão
E muitos serão incluídos e nutrides
Nessa ciranda de cuidado e gratidão
Ciranda de amor, cuidado, gratidão
Vida, movimento
Renascer, transformação”
 
Palavras de gratidão!

Fortaleza, 16 de novembro de 2023


Gílian Gardia Magalhães Brito

Professora e cenopoeta.