NOITE DE CELEBRAÇÃO NO SARAU EDMAR EUDES
Por Jair Soares - Integrante do Viva a Palavra
Noite enluarada, crianças brincando na praça, jovens dialogando, ou melhor, trocando ideias! Os adultos e os mais antigos, faziam suas trocas de experiência também. Tudo isso, antes de iniciar os preparativos para homenagear o poeta popular no qual teve seu nome como título de mais um dos saraus animados pelo programa Viva a Palavra e movimentos sociais da Serrinha. SARAU EDMAR EUDES!
Noite enluarada, crianças brincando na praça, jovens dialogando, ou melhor, trocando ideias! Os adultos e os mais antigos, faziam suas trocas de experiência também. Tudo isso, antes de iniciar os preparativos para homenagear o poeta popular no qual teve seu nome como título de mais um dos saraus animados pelo programa Viva a Palavra e movimentos sociais da Serrinha. SARAU EDMAR EUDES!
A
prosa foi iniciada com um momento de mística e espiritualidade por meio
da oração universal do pai nosso, proposta da Sra. Catarina, viúva do
nosso homenageado. Em círculo energizado pela oração a ciranda girou no
passo e na canção, produzida pelo poeta e educador popular Elías José da
Silva, que acabara de preparar o texto naquele instante. O refrão cantávamos assim:
Ai ciranda ê
Ai ciranda á
E do poeta
Vamos lembrar
Finalizando a ciranda entra o poema escrito pelo mestre que ficou marcado no programa de extensão Viva a Palavra, declamado pela professora Claudiana Alencar:
Me desculpe seu Repórter
Hoje a praça está em graça
Não tem dor
Não tem desgraça
Nem há corpos pelo chão
Não há choro
Não há luto
É um sossego absoluto
No embalo da canção
Tudo aqui é poesia
É seresta e cantoria
Muito rock e baião
Me desculpe seu repórter
Hoje a noite aqui é bela
Não tem nada pra sua tela
Meu três-oito é um violão. Edmar Eudes
Após
o poema diversas expressões foram abrilhantando do SARAU que encerrou-se as 21:00. Destacamos a participação de diversos movimentos sociais como:
Movimento Pró parque Lagoa de Itaperaóba, Amorbase, Giuliana Gali,
Ensaio Rock, Família roots, estudantes, professores etc.
Os
diversos saraus tem se constituído como um grande movimento de
linguagens que são produzidas nas diversas comunidades de Fortaleza.
Esta atividade vem contribuindo cada vez mais para a construção de uma
cultura de paz, consciência crítica e principalmente uma cultura de
encontros e afetos. A cada encontro os diversos atores e atrizes
partilham o que possuem de mais vital. São poemas, cantigas, versos
improvisados, depoimentos, reflexões políticas, poemas afetuosos etc.
Interessante perceber que durante o ato, parece que as situações de
violência existentes nos diversos territórios, iniquidades sociais e
outros problemas locais desaparecem para dar espaço a potência criativa
dos sujeitos.
Destaco
que isso não invalida todo o teor de reflexão crítica e política
presentes nos saraus. Todavia, observo que nos fortalecemos e aprendemos
mais quando estamos vivendo essas experiências de linguagens, seja
oral, visual, sonora, escrita, corporal ou espiritual que vão
entrelaçando-se e construindo movimentos de superação. Ou como havia
afirmado o educador Paulo Freire que é "por meio das nossas
potencialidades e do diálogo ético e humano que construímos atos limites
de superação". Neste sentido, parece-me que esses encontros vêm produzido
esses sentidos que vão se efetivando como possibilidades de reencontro
com o viver comunitário, pautado em relações solidárias e integradoras.
Talvez,
seja essa, uma das possibilidades ou tecnologias humanas, para distanciarmos
um pouco nossas mentes e corpos de um mundo pautado na opressão e
sustentado pelas violências nas mais diversas perspectivas? Um mundo administrado por ideais de desagregação, consumo voraz, aniquilação, disputa de poder e individualismo. Assim, os saraus podem ser uma possibilidade que necessitamos para viver mais a cada dia, ressignificar
nosso sonho de produzir uma vida bela, boa e justa.
Se eu tivesse que nascer
Eu nasceria
Se eu tivesse que viver
Eu viveria
Se eu tivesse que morrer
Eu morreria
Se eu tivesse que matar?
EU POESIA!
(trecho do poema de Ray Lima)