PRIMEIRO ENCONTRO DA FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO POPULAR E CENOPOESIA
ENCONTRO COM A LUA
17 de maio de 2019. Era uma sexta-feira e era noite. O ritmo acelerado da semana nos enchia, corpos e mentes, de cansaço, anseios, mas também residiam expectativas para o primeiro encontro da Formação em Educação Popular e Cenopoesia, que aconteceria na Creche Irmã Giuliana Galli, no bairro Serrinha, logo ali, do outro lado da Universidade Estadual do Ceará. E aconteceu!
Entramos na creche: um tapete felpudo se encontrava no centro do local. Um convite aos sentidos, visual, tátil... Instrumentos musicais de origem aparentemente ancestral. Tambores, maracás... um encontro musical? Com quais outras linguagens nos encontraríamos ali?
A professora Clau (assim carinhosamente chamada por nós), de quem um largo sorriso emanava pelo corpo, perpassando pelas cores alegres de sua saia rodada, contagiava com brilho no olhar as pessoas presentes.
A professora Clau (assim carinhosamente chamada por nós), de quem um largo sorriso emanava pelo corpo, perpassando pelas cores alegres de sua saia rodada, contagiava com brilho no olhar as pessoas presentes.
Me desculpe, seu repórter
Hoje a praça está em graça
Não tem dor
Não tem desgraça
Nem há corpos pelo chão
Não há choro
Não há luto
É um sossego absoluto
No embalo da canção
Tudo aqui é poesia
É seresta
É cantoria
Muito rock, rap e baião
Me desculpe, seu repórter
Hoje a noite aqui é bela
Não tem nada pra sua tela
Meu três oito é um violão
(Poema "Repórter", do poeta Edmar Eudes (in memoriam))
(Risos de encanamento...)
Hoje a praça está em graça
Não tem dor
Não tem desgraça
Nem há corpos pelo chão
Não há choro
Não há luto
É um sossego absoluto
No embalo da canção
Tudo aqui é poesia
É seresta
É cantoria
Muito rock, rap e baião
Me desculpe, seu repórter
Hoje a noite aqui é bela
Não tem nada pra sua tela
Meu três oito é um violão
(Poema "Repórter", do poeta Edmar Eudes (in memoriam))
(Risos de encanamento...)
Ao ritmo de um tambor, Ray Lima, vestido como um menestrel, barba e gestos cativos, nos conduzia a uma parte ao lado, à grama sintética, fria sob nossos pés. Começamos uma cantiga e a respirar devagar, embalados em uma comunicação para além desse dia, um diálogo com a ancestral Lua, a quem o menestrel chamava de vovó... e brincava..., e nos convidava a brincar junto, a girar e dar as mãos, e girar e girar.
Olhávamos como que nos acolhendo, em gestos de pura afetação: "eu te acolho, te ofereço paz e seguimos em frente", internalizava. Embalados nas cantigas, "eu" não queria mais soltar as mãos da outra, do outro...
Olhávamos como que nos acolhendo, em gestos de pura afetação: "eu te acolho, te ofereço paz e seguimos em frente", internalizava. Embalados nas cantigas, "eu" não queria mais soltar as mãos da outra, do outro...
(Pausa para respirar)
Em silêncio, sem a necessidade de nos pedirem a permissão para mudar um pouco, mas nem tanto, o ritmo do encontro, a professora Verinha, com sua voz doce, nos provocara para que pensássemos, a partir de uma atividade, inicialmente em dupla, depois em quartetos. Por fim éramos 3 grupos de 8 pessoas, expressando "o que trazíamos conosco para esse encontro" (o caminho) e "o que esperávamos aprender" (a expectativa).
Produzimos sínteses criativas (ou cenopoéticas) para compartilhar a discussão que ora se produzia nos pequenos grupos, que se denominaram "roda viva", "sonhação" e "os curiosos". O primeiro compartilhava, embalados pela cantiga homônima, tecida depois como síntese "o movimento como estratégia de luta no esperançar"; o segundo grupo, a partir de uma luta entre os corpos, sinergia e enunciando palavras chaves, sintetizavam: "o cuidado e corporificação como caminho de resistência e sonhação"; finalmente, a partir de perguntas provocadoras, o terceiro grupo, afinava o coro, clamava a unidade e transformação que gerou a síntese: "a paz como transformação da realidade dada".
Esse foi o desafio do primeiro dia do nosso primeiro encontro: pensar os caminhares que nos fizeram chegar aqui-ali e os desafios que enfrentamos por onde formos! A lua, com sua mansidão e paz, ao largo de uma história, foi testemunha e aliada de muitos caminhares e suas narrativas, dessas histórias que fazemos todo dia, ao caminhar, que não são menores, nem maiores que outras. Mas, histórias que se cruzam e são narradas e memoradas sob forma de afetos!
A lua nos convidou e fomos, de giro-em-giro, mãos dadas, num movimento de sonhar e produzir vida, problematizando, poematizando para transformar!
Gílian G. Magalhães Brito
Fortaleza, 28 de maio de 2019
(Fica o convite aos participantes para construírem a narrativa dos outros dois dias. Enviar para o e-mail: vivaapalavra18@gmail.com)
Seguimos com inscrições e formação com certificação em Educação Popular e Cenopoesia!
Link-se e inscreva-se: https://forms.gle/LSmcS7sfJDmwKNLJ6